*Má Peters*
Domingo pela manhã. Papai oferece manga à mamãe. Mamãe aceita. Papai corta a manga em pedacinhos.
"Está pronto, amor!"
"Ah, agora estou dando mamá, pode deixar aí em cima que depois eu como..."
Papai traz o prato do lado da mamãe no sofá.
"Ixi amor, assim não dá pra comer."
"Come com a mão, ué!"
"Com a mão não dá, vai ficar toda suja...e se eu precisar encostar no Mig vai sujar ele..."
Papai com seu tom de voz nada agradável:
"Ai, tá bom!... o quê que eu não faço pra agradar a mamãe, viu... eu pego um garfo, eu pego..."
Mamãe choramingando:
"Não precisa amor, eu como depois... não precisa"
Papai traz um garfo pra mamãe.
Mamãe toda feliz pega seu garfinho e começa a se entupir de manga enquanto baby Mig se alimenta de leitinho materno quentinho. Manga é meio mole né? A manga escorrega do garfo e cai em cheeeeeio...... no rostinho do bebê, no cantinho da sua boca!!!
Conclusão: mamãe tem ataque de riso pega cagada que cometeu! Isso, além de ter que ouvir pelo resto do dia o canto irritante do papai vitorioso que avisou-que-era-melhor-comer-com-a-mão-pra-não-sujar-o-bebê...

Agora entendi toda aquela superstição sobre manga-com-leite......................

conexão (invejável) papai-baby Mig em 23/10/11
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*Má Peters*
Hoje o baby Mig está completando seu segundo mês de vida barriga-a-fora!!!

Para o encanto de todos, vou dar uma palhinha das transformações recentes:

Mig já "conversa" com a gente! Ele faz uns sons (que não choros e reclamações) e às vezes esses sons duram muuuitos segundos!

Mig, que desde nascido já esboçava um sorriso, hoje esboça uma gostosa risadinha... dá até vontade de chorar quando ele resolve iluminar o dia com seu risinho!!!

Mig começa a prestar mais atenção a seu redor, inclusive enquanto está mamando...e aí, às vezes, se distrai e esquece do mama...

Mig começa a brincar na hora do mama: faz carinha de curioso e sapeca, brinca de pegar e soltar o peito da mãe, dar mordiscadinhas e lambidinhas e fazer tudo isso ainda com muitos sorrisinhos!!

Uma cena:
Segunda passada, emenda de feriado, fomos passar a tarde na casa da dinda. Pra variar Mig experimentou vários colinhos, dormiu como um anjinho e fez muito sucesso entre adultos e a priminha Alice. Ele já "falava" e ria há uma semana... e então mais uma estréia: Mig dormiu nos braços da dinda, ficou no colinho dela em seu sono profundo um tempão! Aí ele resolve acordar. Como de costume, após uma soneca mais longa (longa no conceito Miguelucho de ser, ou seja, durou pouco mais de uma hora), Mig acordou com suas reclamaçõezinhas (sem desatar num choro alto e ardido - o que ocorre em outras tantas vezes). Dinda faz balancinho pra lá e pra cá e caminha com ele pela sala. Ele está apoiado no colo dela, em pezinho, com o rosto virado para suas costas e de olhões bem abertos. Mami Má se aproxima pra fazer chamego em sua cria: chega bem pertinho, começa a rir e fazer barulhinhos, além de chamá-lo de cuti-cuti-amorzinho-da-mãe... Mig olha atentamente pra mamãe, mamãe inclina a cabeça pro lado esquerdo, Mig faz carinha fofinha, se joga pro mesmo lado da mamãe e estica os bracinhos em sua direção!!!!!!! Nhaaaaa, que emoção! Irresistivelmente mamãe pega Mig em seus braços e faz todos os chamegos possíveis que um bebezinho lindo, fofo, cuti-cuti-amorzinho-da-mãe pode ganhar!


Para o encanto de todos:
 
Miguelito  11/11/11
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*Má Peters*
Bazar coletivo das maternas
Este sábado, 19/11, das 11h às 17h

Copiei e colei:

Queridas,

Amanhã vai rolar o nosso bazar!
Tragam seus trecos para vender, trocar, doar ou venha para comprar o que precisa.
Vai ter muita coisa baratinha para quem está precisando adquirir coisas para seus filhotes e certamente será uma oportunidade bacana para àquelas que precisam abrir espaço em suas casas para novas fases da vida (eu, por exemplo, rs...)

Coordenadas:

- Quem quiser vender ROUPAS DE BEBÊ, ACESSÓRIOS, ROUPAS DE CAMA, CARRINHOS, BERÇOS, FRALDAS DE PANO, BRINQUEDOS, SLINGS E CARREGADORES EM GERAL, ASSENTOS DE CARRO, E AFINS é só levar uma canga para jogar no chão e expôr suas coisas. (se conseguirem me enviar um e-mailzinho confirmando a participação ficará mais fácil estimar o número de participantes arrumar as coisas por lá. Mas se não der é só aparecer no dia, sem problemas).

 - Quem quiser comprar é só aparecer. Podem divulgar para amigos e familia.

 - Quem quiser levar a filharada fique a vontade, pois tem uma pracinha ao lado e é um condominio fechado, entao é calmo para a molecada brincar. E seria muito bacana podermos "soltar os labradores" para brincar juntos, rs... Levem alguma coisa para fazermos um lanche coletivo, se puderem.

Quando? Nesse sábado, dia 19/11

A que horas? das 11h as 17h.

Onde? Na casa da Ana Pagliari, no condomínio Jardim Olimpia, Rua Dionísio Pedrellini, 96. Butantã.
Como chegar?

Transporte Público = Do metrô Butantã, basta caminhar até a primeira parada da Rua MMDC, saída oposta a da Vital Brasil e pegar qualquer ônibus que venha até o Shopping Raposo. São mais de meia duzia.

De carro = Basta pegar a Raposo Tavares e seguir para o Shopping Raposo. Fazer o retorno na Raposo (o Shopping é no sentido SP) pegar a saída para o Shopping e passar em frente a entrada principal. Já tem que começar a ir devagarinho e ficar olhando para a direita até chegar uma guarita verde, que já é a entrada do condominio.  Daí é só explicar para o segurança onde você vai e seguir em frente até o fim da rua principal (+ ou - 1 km) e quando esta rua chegar ao fim, virar a direita. A casa da Ana já é a 4 ou 5 casa, do lado direito da rua.

Até lá, mulherada!

SE CHOVER O BAZAR FICA CANCELADO.
(se ficarem na dúvida me liguem 7247 9601 ). 


--
Adriana Guimarães
*Má Peters*


Há pouco mais de duas semanas minha irmã (que tem uma filha de 2 anos) me disse gostar muito de ler um blog de uma mãe – contava da vida dela e falava sobre todos os temas que poderiam interessar a mães recentes, de longa data, jovens, velhas, maduras, experientes, perdidas, loucas... – e  me passou. Eu, mãe de primeira viagem, novata no ramo da maternidade, inexperiente como tal e enlouquecida em certos momentos, como quem não quer nada e não tem o que fazer (além de ser mãe-cuidadora 25h/dia e ter que cuidar da casa e de mim...), entrei no tal do blog. Comecei a ler um post, depois outro, comecei a olhar posts antigos, me vi escolhendo temas...nesse meio tempo dei inúmeras gargalhadas..e quando percebi: estava viciada! Li quase todos os arquivos!! Entrei nos blogs amigos... nos de mães, nos de pais... li publicações, comentários, fóruns... os dias foram passando e sem me conter, perpetuei o meu bisbilhotar pelo blogs alheios... Antes de adentrar nesse novo e fantástico mundo-dos-blogs, eu já havia começado a me viciar em sites de fraldas de pano e brinquedos (olhando o mesmo site, lendo as mesmas informações e traçando planos bem parecidos todos os dias), mas essa nova experiência superou todas as (poucas) expectativas que eu tinha a respeito das mamães-internautas (e papais também) e abriu meus olhos para as ricas trocas que posts, comentários e fóruns poderiam trazer! Não cheguei a comentar e me inserir diretamente nas discussões, pois apesar de sentir vontade ainda estava muito tímida, como alguém que chega numa festa da conhecida-de-um-conhecido-de-um-amigo-que-te-convidou-e-não-compareceu e não conhece ninguém (além de ler também posts muito antigos e não saber se faria sentido comentar neles...). Mas eu tinha muito a dizer, queria compartilhar experiências dessa tão nova empreitada da minha vida (que vai durar para todo o sempre), queria contribuir, queria conhecer gente em situação semelhante à minha, fazer novos amigos... foi aí que resolvi criar esse blog! (e me aguardem, pois agora que estou aqui, a chuva de comentários começa por aí...)



Quando nasce um filho, nasce uma mãe



Vi essa frase pela primeira vez numa parede perto da minha ex-casa na Vila Madalena (São Paulo) há uns anos atrás. Achei bonita. Achei poética. Achei que realmente estava cheia de significado. Eu achava que de fato ao nascer um filho, nasceria uma mãe: havendo o filho, a pessoa estaria vivendo uma nova experiência, adentrando numa realidade ainda desconhecida e teria que aprender a se colocar nessa realidade, viver essas novas necessidades, nascendo assim o ser mãe...


 Tenho um namorado. Um belo dia descobrimos que estávamos grávidos. Inesperado, é verdade! Um misto de alegria e susto. Uma grande surpresa – prevalecendo a surpresa-boa! Me lembrei daquela frase que um dia tinha visto num muro... inclusive cheguei a lê-la tantas outras vezes ainda naquele muro... Uma simples frase, naquele tempo uma nova realidade posta em minha vida. Adquiriu um novo sentido, muito mais próximo, mais palpável. Naquele tempo percebi que era menos uma questão de racionalizar sobre o conteúdo da frase, era uma realidade imposta. Mas eu ainda estava na gravidez. Um filho “nascido” dentro da barriga, ainda abstrato, ainda pura sensação, quase que meramente corporal. Havia nascido uma gravidez, e então uma grávida.

 

20 de setembro de 2011. Cinco horas da manhã. Acordo. Alguma coisa está diferente (errada?). Sensação de “não consigo segurar o xixi”. Corro pro banheiro. Fiz xixi. Tudo bem. Então volto a dormir. Mal pego no sono e sinto novamente aquela sensação. “Como assim? Acabei de fazer xixi!” Corro pro banheiro. Nada. Percebo que um “liquidinho”, pouco, lentamente, se arrisca a correr pela minha perna. Diacho, o que será isso que atrapalha o soninho da madrugada?” Numa negação dos acontecimentos corporais daquele momento acordo meu namorado (Eduardo). Eu tento, na verdade, mas ele não quer ser acordado. Não me dá bola. “Volta a dormir”, ele diz. Então eu ligo para minha mãe (nessas horas só a mãe mesmo!). “Você acha que estourou a bolsa?”, ela diz. “Não, é muito cedo, acho que nem deu 37 semanas ainda...” “Liga pra sua médica” ... Eu ligo pra médica*, conto o ocorrido nos pormenores... Ela: “Hm... Pode ser que tenha rompido a bolsa, pode ser que não. De qualquer forma, se tiver rompido a bolsa ainda é cedo, volta a dormir, quando acordar de novo, me liga.” Me surpreende a força de minha própria negação, tranqüilamente: “Rompeu a bolsa? Mas será? Não está na hora ainda... Acho que ele nem tem 37 semanas...” Alguns blábláblás depois, desligamos o telefone e eu muito contrariada resolvo voltar a dormir. Maaaaas, percebo que agora tem um “sanguinho”. A médica havia me dito que se tivesse sangue era bem provável que tivesse rompido a bolsa. Imediatamente ligo de volta: “Agora tem sangue, então rompeu?” “Rompeu!” Como se eu não soubesse, e sentindo a tranqüilidade (letargia?) se esvaindo do meu corpinho, faço a pergunta óbvia e quase estúpida: “O que acontece agora? Ele vai nascer? Vai nascer hoje? Ta nascendo?” E com uma calma invejável ela responde “Sim”. Sim? Calma invejável? Ela é maluca? Vai nascer! Tá nascendo. Está nasceeeendo!!! Pronto, agora sinto o desespero tomando conta de TODO o meu ser! “Não pode ser, não ta na hora, ELE NEM TEM 37 SEMANAS!!!” “Ele não tem 37 semanas? Mas você lembra que refizemos as contas e vimos que na verdade ele estava com..........” Já tínhamos começado a conversa na ligação anterior, mas agora precisávamos tirar essa história a limpo. Papo vai, papo vem: primeiro, ela tinha confundido de “Marcela” – uma outra tinha feito um exame no dia anterior (como eu!) e ido numa consulta, elas achavam que ela estava de 36 semanas (como eu estava achando!) mas era mais; percebi que eu não era a tal Marcela e a tal Marcela não era eu quando ela fez referência ao primeiro ultrassom (ela nunca viu o primeiro ultrassom! Eu estava com outra médica na época e o dito cujo se perdeu na bagunça da mudança de casa.). Segundo: refizemos as contas do meu bebê, 37 semanas e 2 dias, UFA! Então: “Mas pode ficar tranqüila, voltar a dormir... porque ainda vai demorar” Voltar a dormir? Voltar A DORMIR????? Como? Ela estava realmente louca! Como alguém pode voltar a dormir sabendo que o filho ta NASCEEEENDO? Desligamos novamente o telefone, acordei meu namorado, falei (quase em desespero) “Rompeu a bolsa. Tá nascendo.” “O que a médica falou?” “Ela falou pra eu voltar a dormir! Você acredita? Como é que eu vou voltar a dormir????” “Ah...então vamos voltar a dormir...” É, alguém pode voltar a dormir sabendo que o filho está nascendo. Mas não eu. Eu não podia. Estava com siricutico. Mal conseguia ficar sem andar de um lado pro outro, quanto mais deitar na cama e ainda voltar a dormir. Não, não dava! Mas, ele realmente queria voltar a dormir. Deitei na cama e tentei relaxar... falava alguma coisa e esperava uma conversa, mas tava mais pra monólogo mesmo... Não durou muito, meu namorado começou a se irritar porque eu não deixava ele dormir. Então tive que me contentar em conversar comigo mesma e sem som! (homens, hunf!) Minha agitação vinha do cerne da minha existência, profunda, e se espalhava pela carne...fui pro chuveiro. Não demorou, meu namorado chega: “Vim ficar com você, não te deixaria sozinha numa hora dessas...” (meu homem!)  Água quente caindo... Esperei o mais que pude. “Chega!” A tal da “coliquinha” que mais parecia uma pressão sobre meu corpo estava começando a aumentar, a gerar um certo incômodo, um incômodo maior, um grande incômodo. Saí do banho, liguei para a doula*, agora sentindo o que eu já poderia denominar de “contração”. Obviamente, na minha desorganização e por ter mudado de médica no final da gravidez, não cheguei de fato a conhecer a doula (que fazia parte da equipe da médica). De qualquer forma, por algum motivo que não faço idéia de qual seja (meu namorado quem falou com ela), não entendi na confusão do momento e sequer me lembro agora, ela não podia me acompanhar. Ligamos para outra doula, que eu conhecia menos ainda e ela se preparou para vir pra cá. Nesse meio tempo, liguei para meu pai – o combinado era de que ele me levasse para o hospital quando “chegasse a hora”. “Oi pai, te acordei? É que rompeu a bolsa e estou em trabalho de parto, só queria te avisar.” “A bolsa estourou??? Tô indo pra í agora!” D-E-S-E-S-P-E-R-O! Até entrarmos em contato a doula eu estava num ritmo a mil por hora, andava de um lado pro outro, não respirava, não parava, tinha uns ataquezinhos (quando vinha a contração), joguei umas “coisinhas” no chão (exemplo: “Tô com fome”, Dudu me deu uma banana, mordi um pedaço, veio a contração, joguei a banana sabe Deus lá pra onde!), apertava/beliscava/mordia o Eduardo (“Aperta minha mão amor.” “Não” e lá se foi uma mordida no braço, um apertão na barriga...).  Quando o Eduardo estava com ela no telefone eu ouvi ela perguntando pra ele: “E como ela ta? Tranqüila?” “Na verdade não, fica andando de um lado pro outro......” “Fala pra ela respirar fundo...” Foi essa frase! Essa frase mudou muita coisa! “Fala pra ela respirar fundo”, ela havia dito. Minha mãe é professora de yoga, fiz yoga desde pequena. Hoje não faço mais, é verdade, mas durante a gravidez comecei a fazer “yoga para gestantes”. No momento em que ouvi a doula dizer aquele frase (através do telefone enquanto ela conversava com o Eduardo, nem comigo era!) parei e pensei: “o que que eu to fazendo? Anos e anos aprendendo a respirar profundamente, relaxar, sentir meu corpo... e agora que chegou a hora de usar tudo o que sei  fico andando de um lado pro outro igual "barata tonta!” A partir deste momento então comecei a me concentrar em minha respiração. Muita concentração! Percebi que se eu respirasse profundamente e tentasse ao máximo relaxar no momento da não-contração, quando ela chegasse eu conseguia segurar mais, conseguia não sair destruindo tudo, conter meu corpitcho e assim o “efeito” da dor seria “menor”. Tudo isso pra conta que, quando liguei para meu pai, ele ficou imediatamente mais desesperado do que eu tinha estado até então, e eu havia acabado de começar a me auto-acalmar... ou seja, não queria de jeito nenhum que ele viesse pra cá, ele ia me desesperar mais ainda! Não, não, não. Tentei explicar pra ele que ainda não precisava ir para o hospital, que estava em contato com a médica e que “estava tudo sob controle”, mas ele não queria saber muito, ir vir de qualquer jeito – e desligou o telefone. Agora sim, D-E-S-E-S-P-E-R-O! Liguei de volta e passei a bola (o telefone) pro Eduardo, dizendo: “Fala o que você quiser pra ele, fala que as contrações voltaram a espaçar, que não to em trabalho de parto, o QUE QUISER, mas faz ele com que ele não venha pra cá!" Pois é, entrei nesse movimento introspectivo, eu estava em trabalho de parto! O interessante é que daí em diante me foquei no meu corpo, na contração, na dor e fiquei vivendo isso... o mundo a meu redor era um mero acessório... eu estava na fase “grávida em trabalho de parto”.

Antes da doula chegar em casa ficávamos em contato com ela e com a médica, estávamos medindo os tempos das contrações... desde que havia saído do banho a evolução das contrações foi muito rápida, começou a ficar mais intensa e logo estava de 6 em 6 minutos. Para ser mais exata, a primeira vez que medimos deu 6 minutos, em seguida 5, depois 4, e aí 3, chegou no 2 e voltava pra 6. Não tive aquelas contrações regulares que costumam aparecer nos filmes... variava de 6 a 2 e assim continuou até praticamente a hora do “está nascendo”. Aliás, o “trabalho de parto” todo não pareceu como na TV – não jorrou sangue pelo chão, não foi um Deus-nos-acuda, não foi nada visivelmente muito chocante... foi intenso, mas meio que internamente, sabe? Voltando...Precisávamos saber se estava próximo ao momento de ir para o hospital (trabalhávamos com aquela idéia de ir na “última hora” – mais próximo do nascimento de fato) pois meu pai que iria nos levar, então perguntamos para a doula se ela achava que ele já podia vir (mas fui enfática quanto ao fato de não querer que ele chegasse e ficasse esperando muito tempo aqui em casa). Ela havia dito que ainda não precisava, que era cedo. Se não me engano por volta de 9 horas, ou quase isso, ou qualquer outra hora porque eu realmente não fiquei olhando no relógio...ela chega! Assim que entrou em casa senti uma paz se espalhar pelo ambiente, eu já estava mais “calma” e a chegada dela só reforçou esse meu lado da versão “em trabalho de parto”. Eu ainda não a conhecia, mas nem pareceu... Um doce de pessoa! (nada de infantilizações aqui, mas se vocês a conhecessem também a achariam um doce) Ela chegou mediu as contrações, viu a dilatação. Agora vou relatar o que eu senti dos fatos que se seguiram: discretamente ela foi para o quarto e ligou para a médica, falou alguma coisa que não ouvimos (nem eu nem o Dudu), com aquela tranqüilidade que só ela poderia ter, chegou para nós e disse: “Acho que podemos ir”. Como assim PODEMOS IR??? Não era cedo demais? Não podia esperar mais tempo pra chamar meu papi pra vir me levar? Ah não! Só podia ter alguma coisa errada! Tava pra nascer!!!!!!! Quase o desespero volta a tomar conta desse corpinho que tanto fez pra lhe dar um “chega pra lá”... mas, a doula estava ali naquela (aparente) tranqüilidade e eu estava respirando profundamente, então, só podia “dar tudo certo”. Ela também disse que estava de carro e poderia nos levar e nós (eu será que fui EU?) preferimos assim e falamos pro papi nos encontrar no hospital. Acontece que moramos em Perdizes... e o hospital é no Itaim Bibi  e ninguém sabia um caminho “alternativo” pra chegar até lá E estava no horário do “rush”. Contrações + “acho que podemor ir” + horário do rush è só pode gerar desespero!!! Mas calma, eu sou forte, minha respiração dá conta de mais essa também... e assim continua minha luta interna entre relaxar e desesperar... Obviamente o carro não é o lugar mais confortável do mundo para se ter contrações – você não tem mobilidade nenhuma, não pode ficar andando, não pode ficar se agachando e levantando, se gritar muito tadinhos dos ouvidos da galera (não que isso tenha me impedido de soltar uns berrinhos) e enfim, ninguém quer que o filho nasça no carro por causa do trânsito em São Paulo! Desde que a doula havia chegado eu praticamente já não ficava mais de olhos abertos: com eles fechados minha “força de relaxamento” era muito maior, dava mais conta do recado. No carro não foi diferente, raras vezes abria os olhos, mesmo assim, não me atrevi a olhar pela janela, afinal eu já estava sentindo o trânsito, sentindo o carro muitas vezes parado, sentindo – apesar da tranqüilidade aparente – o pé da doula no acelerador. Uma cena: há uma ambulância ao lado, a doula diz que uma vez já conseguiu auxilio de uma ambulância-que-estava-passando-por-aí para abrir passagem pra ela e a guiar até o hospital num parto de outra pessoa. Ela então decide averiguar se isso seria possível naquele momento (seria preciso que não houve um “paciente” dentro dela). Ela abre o vidro: “Oi, bom dia, eu estou aqui com uma grávida, ela está em trabalho de parto, eu gostaria de saber se vocês poderiam acompanhar a gente até o hospital porque está muito trânsito, né?” Não ouvi a resposta, mas a doula disse “Ah, claro, eu entendo, muito obrigada...”. Isso. Ponto final. Calmaria que só! Até parecia que estávamos num domingo ensolarado a caminho do parque pra fazer piquenique, com uma cesta cheia de guloseimas e queríamos comprar mais alguma coisa só pra constar, mas tinha acabado. Aliás, nessa situação do piquenique no parque acredito que muitas pessoas teriam ficados mais irritadas que ela... Não foi ruim não, minha gente! Foi ótimo! Foi perfeito!  Aquela tranqüilidade que não acabava... lembrem-se de quererem alguém assim por perto na hora do “vamo ver”! Outra cena (esta não poderia faltar): A doula diz “lembre-se de, se tiver vontade de fazer força, não fazer”. Pronto, deu vontade de fazer força! Marcela em concentração master, maior do que todas as outras, “não posso fazer força... não quero que meu filho nasça no carro!!!” Eduardo (por ironia do destino) neste exato momento diz: “Eu to aqui com você, força amor!” Um grito: “NÃO FALA ESSA PALAVRA!” Passando a contração, peso na consciência, ele não queria que fizesse força, mas que eu fosse forte naquele momento... eu sabia disso! Mas não importava, naquele momento aquela palavra estava (ou pelo menos deveria estar) proibida! O “peso na consciência” foi bastante presente nesse bafafá todo, quando a contração vinha às vezes eu gritava alguma coisa que não devia pra ele, ou o ignorava, ou fazia cara feia, ou sei lá... e então a contração passava e a chuva de “desculpa” começava. Ainda bem que ele é ele, essa pessoa maravilhosa que eu escolhi e me escolheu, pois ele sempre entendeu que às vezes era a contração que falava através de mim... não ficou bravo, não ficou magoado... se manteve firme e forte ao meu lado!

Chegamos no hospital. Encontramos minha médica. Entramos nula salinha para ela medir as contrações e a dilatação. Em seguida subimos para a sala de parto. Que sala! Enorme, espaçosa, com umas luzinhas coloridas como se fossem estrelas no céu (apenas buraquinhos no teto, nada de lâmpadas fortes). Não que eu tenha reparado nisso naquele momento, eu estava muito focada no meu mundo interno para perceber esses meros detalhes. O que eu percebi de imediato foi a banheira ENORME presente no banheiro acoplado ao quarto. Eu já queria entrar na banheira mesmo antes de decidir quem seria minha obstetra, não era uma vontade, era uma determinação! Entrei na banheira, água pelando, uma delícia! Foi como um abraço quente e forte que encobria todo meu corpo, eu nunca mais iria querer sair daquela banheira! Pois bem, o ritmo do trabalho de parto mudou, diminuiu... Na banheira, água muito muito muito quente, o que era muito muito muito bom. Porém, água quente = moleza, pressão baixa; então o Eduardo molhava meu rosto e jogava em minha cabeça uma água gelada. Ganhei até picolé de uva, que nem chegou a ser tomado por completo; diga-se de passagem que eu não havia comido nada neste dia (somente aquele pedaço da banana-que-foi-pelos-ares)... Quando a contração não estava estava lá eu relaxa imensamente, mas quando ela chegava era um tal de berros e chutes e água pra tudo quanto é lado... Ao longo desses vais-e-vens fui percebendo que quando eu conseguia conter essa força interior que se manifestava em movimentação louca, quando eu conseguia, ao invés de expandir, segurar meu corpo como se brincasse de estátua, ah! era muito melhor! Porém, só consegui executar essa “paralisia” de fato quando tive que tomar um antibiótico (um dos exames que fiz não havia ficado pronto, achamos melhor tomar o antibiótico). A enfermeira chegou e começou a prender qualquer coisa no meu braço, neste momento eu estava na paz da “des”contração e eu sabia, com toda certeza, que a dita cuja chegaria bem no momento da injeção: respirei muito, muito fundo, me foquei em segurar a dor quando ela chegasse...... deu certo! Contração e injeção no mesmo exato momento, não movi um dedo (a não ser o aperto ao segurar a mão do Eduardo – eu quase arranquei a mão dele, é verdade!). Daí em diante e não por muito tempo consegui me manter em meu casulo invisível – não sem muito esforço. Não por muito tempo porquê logo chegou o momento em que eu senti que queria fazer força; pois bem, comecei a fazer força. Deste momento em diante tudo mudou: as dores avassaladoras se transformaram na força motriz do meu “fazer força” e eu não as sentia mais. Não sei como é para as outras mulheres, mas para mim, o “pior” já tinha passado. A contração vinha, eu fazia força – esgotava meu corpo nesse fazer, conseguia dar duas ou três impulsões ao longo de uma contração, quando ela ia embora eu estava exaurida, sentia que nunca mais conseguiria fazer força novamente... eu praticamente dormia entre uma contração e outra. Até aí eu continuava vivendo o meu trabalho de parto, quase que apenas o trabalho de parto... ainda uma “grávida em trabalho de parto”.

Em determinado momento, num daqueles movimentos de força, Dudu me diz: “Força Amor, a cabecinha dele está quase saindo!” Foi a partir destas palavras ditas por ele que pela primeira vez eu deixei de vivenciar somente a gravidez e o trabalho de parto e pensei “O que eu estou fazendo? Meu filho está nascendo! Preciso ver! Preciso abrir os olhos!” Deste momento em diante tudo mudou. Logo antes de começar esse período de “expulsão” eu havia dado o meu maior berro: “NÃO AGUEEEENTO MAAAIS!! Nasce logo!!!” E a médica havia dito: “Quando você não agüenta mais significa que agora ele vai nascer.” E foi logo em seguida que começou o período de expulsão mesmo. Mas o ponto ao qual quero chegar é: até aquele momento eu queria que ele nascesse logo, só que pelo motivo:  não agüento mais essa dor! Depois da frase de Eduardo, bom... primeiro me lembrei que um dia uma amiga, bem mais velha, que já tem filhos (mais velhos que eu) havia me dito que no momento do parto dela,  bem perto de seu filho nascer e quando a exaustão do fazer força se aproximava, ela tirou forças sabe-se lá de onde porque tudo que conseguia pensar era que ele nascesse logo. Quando ela me contou isso e quando me lembrei da história durante o meu parto, atribuí um certo significado: ela queria que nascesse logo porque dói horrores e não via a hora disso tudo acabar! Assim como eu havia gritado. Segundo, me dei conta do meu engano: ela queria que o filho nascesse logo, assim como eu passei a querer naquele momento, porque era seu filho e quando essa idéia (filho) se torna algo concreto, e esta ali, a segundos de sua existência-fora-da-barriga, você não agüenta mais esperar!!! Veio uma contração, fiz muita força, senti ele “quase” sair, mas a contração acabou, a força cessou e a cabecinha dele tornou a voltar pro lugar de onde estava saindo. Naquele momento eu decidi: na próxima eu consigo! Veio a próxima contração, fiz toda a força do mundo, e mais uma vez, e mais outra, e a contração estava acabando e eu não estava conseguindo... e resolvi dar o último impulso, eu estava exausta, mas sei lá de onde tirei tanta energia: saiu a cabecinha por completo, depois só mais uma forcinha de nada e saiu o corpinho, estava lá, boiando na água da banheira, um pacotinho de gente, todo embrulhado em si mesmo – meu filhotinho! Seria pretensioso e irreal tentar descrever ou explicar a sensação daquele momento, quando ele saiu de dentro de mim, quando eu dei vida àquele pedacinho de gente... foi simplismente mágico...! O papai pegou nosso filhote trazendo-o boiando sobre a água e o colocou no meu colo, ficamos assim, abraçados, os três...

Apesar de ter estado vivo dentro de minha barriga durante 37 semanas e 2 dias e de já termos estabelecido – eu e o Dudu – uma relação de pais com aquele serzinho que não conseguíamos ver, apenas sentir os chutinhos e as cambalhotas – a idéia de como seria após o nascimento, a chegada de um filho, a existência de um bebê... eram muito abstratas, longínquas... a partir do momento *mágico* em que ele chegou ao mundo, eu pude sentir: havia me tornado MÃE!